Eu queria escrever um texto do qual não o olhasse depois e pensasse: “não gostei, esse não me agrada mais”. Essa atitude entrega o quanto oscilo, quero dizer, o que construo hoje, provavelmente, não me agradará amanhã –desde criança, noto. Isso, no entanto, é somente para a produção pessoal.
Com o trabalho do outro a situação difere um pouco. Em um amontoado de livros que teria, caso reunisse tudo que já li, sairia uns dez ou quinze: obras perenes, essenciais, que sobreviveram ao dia seguinte, ao crivo severo. O que teriam essas obras de tão especial? Estilo? Talvez não tanto, já que não seguiriam uma categoria: como acoplar Clarice Lispector, Sófocles, Pat Conroy, Herman Hesse Sartre numa mesma estante? Tema? Somente se eu dissesse que tratam da condição humana, mas a maioria dos autores o fazem, de certa forma.
O mais prudente a dizer é que tenho consideração por elas (as obras) porque são trabalhos que eu queria ter feito; ou que, no mínimo, neles me reconheço; prezo-as, então, porque não tenho alcance, não tive o alcance autoral.
Em relação as coisas que escrevo, continuo editando-as: um risco a caneta aqui, um corte lá, tenho total controle, alcance, isso, caso quisesse ser um escritor com pretensão de publicar, então, não seria bom.
domingo, 25 de abril de 2010
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Um comentário:
isso também acontece comigo
com quem mais?
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