sábado, 21 de junho de 2008

Rascundo de conto I: quebradeira

uma sala, e pessoas, seres jovens, amigos.eram três. estavam numa mesma cadeira, dois deles -ele sobre o colo dela-, e mais o terceiro... esse estava sentado na mesa próxima a cadeira, à olhar para os dois, olhava sem dizer uma palavra. esses outros se entre-olhavam, sorriam de leve, suspiravam enquanto a face era curvada e as pálpebras cuidadosamente movidadas, fechadas com certo peso. ele, o que estava na cadeira, beijava quem ele estava sobre o colo -ela-, beijava com lábios famintos e face sorriso-cafajeste. ela estátil, apassivada, de boca aberta. ele beijava movendo a cabeça, ela de olhos abertos, duros. ele, o da mesa, continuava observando, e fitando o olhar que ela colocava de encontro com o dele enquanto estava servindo de mulher para o outro. ele, o da mesa, olhava para ela,e para o outro, e para a cadeira que estava a suportar o peso. pode quebrar a qualquer instante, pensou, e eles cairão, o rapaz no chão com uma cara risonha, a moça com cara neutra de olhos duros, úmidos. pensou em avisar sobre o perigo -mesmo aquele dia sendo tido declaradamente como a despedida do relacionamento de ambos -contudo, definido por ele sem consultar ela propriamente, é que tinham um relacionamento aberto. ele disse que gostava dela mas que encontrara uma outra pessoa, alguém que ele finalmente decidira constituir uma relação, e que era aquilo mesmo, perguntou se ela tinha algo a dizer, ela rispirou fundo, e só-, o rapaz da cadeira pararia sua ação e talvez dissesse "do chão não passa, ah vai, para de piração". o rapaz da cadeira percebia com clareza a cadeira oscilando com maior frequência, e a moça fitando. ele estava na mesa, lugar superior, poderia subir nela e gritar, seria ouvido a contragosto, mas seria, ora. "logo tudo acababaria, era o término, não? então...", pensou. a cadeira oscilava não pelo peso, ela já estava danificada e não perceberam antes de sentarem. só a mesa poderia ser usada, bem que essa poderia suportar todos, mas se escolheram de cara a cadeira então a mesa não deveria está ali.iria terminar. iriam terminar.até então a cadeira continuaria oscilando, a mesa continuaria superior à essa, a observação latente, olhos duros, faces e mais faces sorriso-cafajeste. as coisas do chão não passariam.

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7 comentários:

Renata, as Magnólias e a Estriquinina. disse...

Eu também acho estranha, não sei que tom eu dou para "estranho", não sei se é bom ou ruim.
Eu gostei muito das tuas letras...
Sabe, as pessoas insistem em falar que somos todos nós diferentes, mas quando eu me leio e leio mais alguém, percebo que as dores são as mesmas.

Anônimo disse...

Obrigada!
Te amo muito

alexandre santos disse...

gostei do rascunho... muito... será que a quebradeira passa do rascunho? me dê um toque quando o conto se levantar... abçs

Anônimo disse...

Vc jah deu uma olhada no blog de Gabriela que comentou no seu perfil temporário.
Dê uma olhada quando puder.
Bjos meu amor;

I lov u; only you!
Ateh a volta

Renata, as Magnólias e a Estriquinina. disse...

e continuo não conseguindo parar de ler isso.

Renata, as Magnólias e a Estriquinina. disse...

As dores, alegrias e tudo mais, são nossas, não são apenas minhas ou tuas. temos tantos outros pares ímpares por aí... e eu ainda procuro!

Ingrid disse...

visualmente o rascunho me lembrou bukowski, mas a idéia central foi bem além.